Atualmente, a busca por tratamentos reabilitadores estéticos tem se tornado cada vez mais frequentes, independente do paciente apresentar perda dentária ou comprometimento de coroa dentária. Tal fato não ocorre exclusivamente pela exigência estética de pacientes, e sim devido ao surgimento de materiais cerâmicos com excelentes propriedades biomecânicas.
A evolução dos sistemas cerâmicos garantiu a versatilidade desses materiais em diferentes tratamentos reabilitadores de rotina realizados em consultórios odontológicos. A extrema dedicação de empresas e pesquisadores, pôde contribuir para aprimorar os sistemas totalmente cerâmicos, tornando-os uma alternativa às próteses metalocerâmicas fixas unitárias ou múltiplas sobre dentes e implantes, localizadas na região anterior e posterior de arcadas. No entanto, caso os critérios para indicação de cada material não sejam respeitados, todo o trabalho culminará em falha ou até mesmo no fracasso precoce dessas peças protéticas.
Não sendo o bastante, o Cirurgião-dentista também deve se preocupar com os seguintes fatores: entendimento de técnicas de processamento associadas a incorporação de bolhas ou impurezas às cerâmicas, regiões de aumento de tensão em peças protéticas, infraestruturas anatômicas que garantam cerâmicas de revestimento de espessura homogênea, protocolo de resfriamento de cerâmicas. Dessa forma, medidas preventivas durante as fases da reabilitação oral, podem ser realizadas com o objetivo de aumentar a longevidade das próteses. Essa abordagem não é de agora, pois estudos da década de 60 já se preocupavam em entender qual a vida útil de próteses fixas unitárias e extensas, quais os principais fatores de risco que levassem às falhas e fracassos do sistema e quais seriam os controles rotineiros dos pacientes que evitariam a perda das peças protéticas. Essas questões foram primeiramente levantadas para responder o comportamento de próteses metaloplásticas, metalocerâmicas e totalmente cerâmicas.
Assim, o primeiro passo seria compreender a composição e processamento de cada sistema totalmente cerâmico. O artigo escrito em 2015 por Gracis e colaboradores, classificou os sistemas cerâmicos de maneira mais clara (Fig. 1). Nele, os sistemas cerâmicas foram divididos de acordo com sua composição:
- Cerâmicas de matriz vítrea: materiais cerâmicos inorgânicos sem metais que contém a fase vítrea.
- Cerâmicas Policristalinas: materiais cerâmicos inorgânicos sem metais que não contém nenhuma fase vítrea.
- Cerâmicas de matriz resinosa: Matrizes poliméricas que contém, predominantemente, refratário inorgânico que podem incluir porcelana, vidro, cerâmica e cerâmica vítrea.
Fig. (1) – Adaptado de Gracis et al., 2015.
Além da composição dos materiais, outros fatores clínicos também devem ser considerados. A literatura é enfática quando o assunto se trata de indicações e espessuras mínimas adequadas para cada sistema cerâmico, ou mesmo, a apresentação de diferentes desenhos de infraestrutura em situações clínicas mais delicadas. Outro fator que pode comprometer a longevidade dessas próteses fixas está relacionado aos contatos oclusais presentes em cristas marginais de coroas protéticas. Surpreendentemente, a descrição da prevalência do local das falhas na cerâmica de revestimento de coroas protéticas ainda não está disponível em estudos científicos, no entanto, imagens de fratura em cerâmica de revestimento predominantemente associadas às cristas marginais de coroas são rotineiramente encontradas na literatura. Portanto, a oclusão é considerada a principal responsável por tal acontecimento.
Contudo, relata-se que uma contraindicação de sistemas totalmente cerâmicos, quase absoluta na literatura e unânime entre os fabricantes, relaciona-se com os pacientes que apresentam hábitos parafuncionais, como os bruxômanos. Nesses casos, dispositivos intraorais, também conhecidos como placas estabilizadoras, deveriam ser indicados após a conclusão da reabilitação oral.
De acordo com o que foi descrito anteriormente, o sucesso do tratamento reabilitador oral depende da capacidade do Cirurgião-dentista manter-se atualizado, além de compreender como cada material cerâmico se comporta para minimizar o aparecimento das falhas. O completo conhecimento desse mecanismo facilita a decisão sobre qual sistema cerâmico está indicado para o paciente em questão.
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